Não o via desde que terminámos o 4º ano e para mim ele era ainda o mesmo lingrinhas de 10 anos, era essa pessoa que tinha na minha memória.
Com um espaço em branco por preencher de 9 anos, voltar a vê-lo acaba por ser um choque.
Está tão diferente, nem o reconhecia.
(Isto agora é cómico porque imagino-o com a mesma voz ahahah)
Enviou-me esta foto, que também tenho, mas que não via há muito tempo.
Estávamos no 4º ano, prestes a ir para a "escola dos crescidos", nesta altura ainda podíamos ser tudo.
Tínhamos a vida em aberto e estava toda pela frente.
Eu ia ser bailarina, o Tiago Alexandre ia ser polícia, o Gonçalo jogador de futebol, a Marisa veterinária, o André cabeleireira (sim, com a, história que já vem do 1º ano e que nunca mais esqueci), a Andreia apresentadora de televisão, o Hugo pintor...
Quando vou buscar os meus primos à escola (a mesma escola onde esta fotografia foi tirada) olho para os miúdos que por mim passam e não consigo evitar pensar que os criminosos de hoje foram as crianças de ontem (muitos são crianças ainda, mas esse é outro assunto) e que alguns deles andaram comigo na escola (e até me pediram em casamento!). Não consigo evitar pensar que a maioria não vai ser aquilo que quer e será infeliz por isso.
Não consigo evitar pensar que alguns nem vão ter a oportunidade de ser o que querem porque as suas vidas irão terminar antes de terem essa chance.
Uns vão casar e ter filhos enquanto outros estão condenados à solidão. No entanto, enquanto são crianças podem ser tudo e fico triste porque andamos todos a ser enganados. Podem ser tudo mas no final a maioria não vai ser nada.
É por isso que não gosto muito de crianças, odeio a expectativa e a desilusão.
Mas fiquei sinceramente contente por reaver o contacto com o meu amigo.
Nem acredito que já passaram praticamente 10 anos...
1 comentário:
Eu vejo frequentemente ex-colegas.
Todos iguais uns aos outros, não há um único que tenha escolhido um caminho diferente, têm os mesmos trabalhos, as mesmas ocupações, os mesmos divertimentos, as mesmas manias, as mesmas formas de falar, de vestir e de sei lá mais o que.
Esta semana, no autocarro, entrou um rapaz que tinha sido meu "namorado" no 2ºano.
Reconheci-o porque continua extremamente parecido. Ia com uma rapariga da nossa idade, e com um bebe ao colo, que era a sua cara chapada.
É um bocado chocante.
Se por um lado reencontro pessoas que não fazem nada da vida, outras já constituíram família e parecem ser tão adultos. É um contraste imenso, em termos de maturidade.
O destino é uma coisa fantástica. Isto leva-me a pensar em como um pequena acção muda tudo. E assusta-me.
(repara, são praticamente 11h da manhã, eu devia estar a estudar alguma coisa, masestou aqui a ouvir música e a ver blogs e coisinhas).
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